segunda-feira, 28 de junho de 2010

SEMANA 11 CORNOCÓPIA, INGLÓRIA, ATOR E FADIGA

O tema dessa semana foi escolhido de maneira inusitada... no lugar do costumeiro brain storm resolvemos fazer uma cancela e gritar a primeira palavra que vinha à cabeça... e deu no que deu... só que como estávamos em semana de provas e o texto tinha que ter no mínimo três páginas eu fui o único que fez o texto....

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Lista de temas

Essa é a lista de temas já abordados durante a Oficina. Os textos provenientes serão postados aos poucos, pois foram escritos antes da formação deste Blog. A partir do próximo tópico um membro sempre explicará como foi a experiência do tema e os textos referentes serão postados logo em seguida.

Semana 1 - Destino
2 - Desespero
3 - Múmia
4 - Teste e Ânsia
5 - Dengue e Alvejamento
6 - Marte e Catatonia
7 - Amazonas, Dado e Monarca
8 - Navalha e Vão
9 - Fluido, Estranho, Perto e Verde
10 - Ódio e Gangrena
11 - Fadiga, Cornucópia, Ator e Inglória
12 - Peles, Rato, Atiço e Porte

Nas semanas em que mais de um tema consta, os textos foram trabalhados usando todas as palavras.

terça-feira, 22 de junho de 2010

SEMANA 10 Ódio e Gangrena

O tema dessa semana foi bem "do mal", foi ódio e gangrena, duas coisas negativas e dois temas que trazem muitas ideias, o que acabou sendo algo negativo, pois tínhamos que escrever um texto usando apenas 100 palavras. Isso acabou nos limitando muito e nossos textos não ficaram muito bons, tínhamos também a desculpa de ser fim de semestre e não termos muito tempo para escrever... mas é isso aí.
Boa leitura.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Poema do Ódio em Face ao Amor.

Amor, ascese evolutiva
Ódio remédio simbiônico
Nódoa da explosão nodular
fornicação dos escravos do Amor
Ódio, ascensão hierárquica na
escala darwinista
Amor, escolha das espécies
no âmbito dos mais fortes
Amor, seleciona o
que do ódio faz horror
leva a espécie humana à praga
que lhe arrasta ao mundo,
e consigo abra sulcos
na epiderme planetária
Cheire, lambe e goze
a baba horrenda e preta da vida,
advinda do canal libidinoso
dos vermes humanos
Ama teu odioso
inseto, odeia teus vários amores.
Líquor meningocócico
Negro pulsar de sangue
podre.Argila morfética,
sedentária e gonorreica

Estranho fluido verde

Havia dois e setenta e cinco em meu bolso como todas as quantias equivalentees a esta que pagam o meu almoço delicioso de cada dia. No entanto, em certo dia, paguei com meus dois e setenta e cinco algo que me intrigou profundamente; um estranho fluido verde, pastoso. Era a biliverdina que me saia e se misturava naquela massa, excrescência purulenta, cancro, chagas grossas, matéria do tártaro, do pigarro, da faringe e da laringe doente, deletéria, defunta...
A gororoba trescalava o odor dos vômitos...
Paguei e comi pela minha fome.
Comi esfomeadamente a beringela cozida do bandejão!

Na farmácia

Teste de intrepidez

O mundo não o quis.

Cresceu na bandidagem, mas nunca matou ninguém. Não era bandido.

Dê a alguém o mínimo para custear o antídoto para todos os males do mundo para ver o que o responsável faz.

Não tinha dinheiro, nem para um pão, quanto mais para um jantar no BM prato.

Numa tarde, achou uma pistola de brinquedo, no chão, avulsa, perto de um amontoado de brinquedos de feira de camelôs.Decidiu tentar um engodo numa farmácia próxima. Dois reais valiam uma refeição!

Dois reais do farmacêutico e nunca mais faria isso. Tentará uma vida diferente

Entrou na farmácia

Ânsia em tarja preta

Uma mãe pegou sua filhinha na escola. Passará antes à farmácia para pagar seu último medicamento que deixou fiado. Carregava uma maletinha de psicotrópicos na mão. Estava boa, já fora um suporte das mais variadas sandices. Quem diria. Agora tem até o regalo de ter um filho. E que graça era a pobre criança. A mãe deixará de usar o medicamento logo. Nunca mais, sequer uma Neosaldina.

Tragédia

Ao entrar na farmácia, a mãe deixou a criança próxima ao balcão, onde passava um assistente de farmácia. Ao mesmo tempo, o bandidozinho entrou. Rendeu a mãe com pistola de brinquedo e mandou de pronto o farmacêutico, que vinha dos fundos, abrir o caixa. Não percebendo, na sua inocência, o que se passava, a criancinha engatinhou com a maletinha a te a mãe, pensando que todo alvoroço era uma brincadeira.

Não percebeu o farmacêutico que havia uma criança debaixo do balcão. Se percebesse, quem sabe poderíamos ter um final menos triste.

Tenso com toda a situação, o farmacêutico não pôde controlar seu impulso pela pressão do bandido, ameaçando a vida da moça se ele não lhe entregasse o dinheiro. Pegou de um revolver escondido no balcão e, desesperadamente, atirou. Excreções e partes voaram, banhando o chão e a criança. O corpo da mãe e do bandido caíram. O revolver de brinquedo ao pé da menininha, junto à maletinha de psicotrópicos. O Farmacêutico...

Um suicídio.

A criança pegou a pistola de brinquedo e fez “bum-bum”, em sua legítima inocência, apontando-a para a cara fragmentada do farmacêutico.Levou à boca uma aspirina que caíra da maletinha de remédios da mãe. Chupou o comprimido com gosto.

Ipê

.Era tarde nublada.

.João, fazendeiro desmantelado pelos vícios, membro de uma tradicional família de um qualquer vilarejo, pai de seis filhos, avô zeloso de três netos e marido insatisfeito decidira morrer tendo como testemunha um Ipê de sua propriedade. Levava consigo uma corda e uma cinta velha que firmava as rotas calças de fazendeiro nas mãos.

.Estava decidido. Nada que tencionara no alvorecer da vida e ao longo dos anos concretizara-se. “Destino filho de uma puta”, entre dentes, com uma das mãos na calça, evitando um iminente tropicão.”Culpa tua, casei com mulher feia, cai em bebedeira e perdi alqueires da família por tua culpa” Só não culpou Deus por ser blasfêmia e por ser cristão, amem, ou como dizia o padre Pedro, do vilarejo construído sobre os domínios do fazendeiro, “um opróbrio”. Leu certa vez em um livro e achou a tal palavra mas quem trabalha na lavoura não tem tempo para pegar do dicionário. Se o pedante do padre lha dirigisse, manchar-lhe-ia a honra. Que fique o destino o injuriado!

.Amarrou a corda junto à cinta e nivelou aquilo que se parecia o nó de uma forca e amarrou-a num galho do Ipê amarelo. Ajustou-a no pescoço. Subiu numa pedra. Olhou ao chão e ao horizonte que mostrava o cinza e agourento céu, prenunciando com os roufenhos trovões a presença daquela morte besta que se aproximava. O farfalhar do Ipê dava sinais de pulsação. Fechou os olhos para o nada. Saltou...

.“Um opróbrio!”

*

.João saiu da faculdade com tramóias de deixar qualquer malandro com inveja. Guardava consigo algumas citações de autores clássicos e da bíblia apenas para impressionar as estudantes e as filhas dos fazendeiros amigos de seu pai. Pedro, seu condiscípulo e amigo de trapaças o instruiu com muita aguardente vagabunda, apresentando-lhe a roda das damas e dos valetes e as alcovas de cortesãs francesas. Toda a nata da boemia. Em uma comemoração de fim de ano, voltaram para casa do Dr. João, pai do nosso Joãozinho e também médico do vilarejo.

.Neste dia, João e Pedro voltaram com lagrimas de pinga velha. Um pastorzinho vendedor de queijo os trouxe levados de carroça, bem no meio da comemoração. Coisa de vexar foi Ritinha, moça bonita com a qual João tencionava se casar, tê-lo acudido quando o jovem beberrão cambaleou ao descer da carroça.

.Mas a festa continuou com o ânimo de Pedro, que não deixou que a zanga do Dr. João chegasse à festa. Quando os dois camaradas se curaram da ressaca, foram ter com Ritinha e Carlotinha, esta última também filha de médico, sem graça mas bonitinha para os rapazotes.

.E porque o tempo não obedece senão à própria natureza que o rege, choveu. Ritinha era a prometida de João, mas assim não o quis o destino. No dia da festança, todos se molharam. Ritinha com pedro, já que moravam na mesma rua, fugiram da chuva juntos, assim como todo o povo presente, enquanto Carlotinha esperava o pai chegar para levá-la. João fez-lhe companhia debaixo daquele aguaceiro, à beira de estrada. A roupa da moça, molhada, mostrava-lhe os dotes que a puberdade acaba por moldar, tal como o caráter. E já que o caráter do João não era digno de admiração, nada pior que umas mãos bobas nos seios de uma donzela incauta.

“Vai ter que casar!” retumbou o pai, que o pegou de surpresa.

.Casaram-se. João a contra-gosto, mas Carlotinha revelou-se uma mãe pouco afeita aos caprichos do ofício. Mandava nas criadas, as quais cuidavam de seus seis filhos, tal como dizia a regra das mães daquele tempo. Comiam, bebiam e pariam.

.Ritinha frustrou-se com a traição inusitada de João e casou-se com Pedro. Mas este não desatou o laço da amisade com seu velho companheiro de bebedeiras. Caiu na gandaia. Acontece que Pedro parou e tomou tento. Largou a garrafa e o matrimônio e entrou num seminário, passou a ser o já apresentado padre do vilarejo. Ritinha virou cocote, cresceu e bancou seu próprio estabelecimento. Nem por isso deixou de desfiar a trama que teceu com o Padre, que ia ao seu antro para dar conselhos às madames, dizem as carolas e beatas, cegamente confiantes na santa benevolência do regenerado padre.Enfim!

.João perdeu quase tudo em jogo. Pai morreu de desgosto e de forca, não como seu filho, sob os olhos do Ipê, mas num banheiro de botequim.

.Mal casado, endividado e pobre...Oh vida malfadada!

.Foi ter com o Ipê

*

.Caiu e chapinhou na lama. A forca apertava-lhe a garganta. Um galho estorricado ao chão.

“Oh homem, um opróbrio!” ouviu João. Era o Ipê.”Destino teu foi nascer. Só! Nenhum acontecimento na vida é pré determinado e inalterável, nada acontece porque está escrito. Vá cuidar de teus filhos e de tua esposa, que está gorda e mal-amada. Teus netos terão o mesmo fim que teus filhos se não mexer esta bunda!”

.Arre!

Se era o Ipê ou não, isso não o sabe João, mas que bebeu para amortecer a queda, disso se lembra.

.João largou a cachaça e mexeu nas obras de teu antigo pai. Depois desta,nunca mais quis ter com o Ipê. Não o arrancou, pois lhe ficou a lembrança daqueles erros que cometera. Suntuoso Ipê, sim, que de semente erguera-se para tocar o pio céu da fazenda do regenerado João, marido fiel e avô zeloso. João também nascera das agruras

Descapetamento

.Haja o que houver, há sempre um milagre que nos condiciona.

.Quando me formei foi maravilhoso. Festa, presentes, telefonemas de amigos distantes. Trabalho, ótimo! Tempo preenchido por uma excelente e eficaz vontade de crescer, aliada a um espírito empreendedor que une os diversos patamares de uma boa empresa. Bom salário, entrevistas, negócios, viagens, empréstimos, compra de imóvel, carro, jantar com o patrão, mulher do patrão, a filha do patrão... anos com a filha do patrão, meus filhos, dores de cabeça, sogra, sogro patrão, calvície, estresse.

.Mas hei de falar de minha mais nova empresa, cujo patrão não dá as caras em congressos nem em reuniões. Basta apenas que seus empregados levem seu nome para onde for. É certo apenas que estou bem hoje. No entanto, hei de dizer meu encontro com ele para que possa ter uma noção da santíssima e magnífica pessoa do meu patrão.

.Era numa tarde, engarrafamento em uma das principais vias metropolitanas, atrasado para uma importantíssima reunião na qual seriam decididos os reais caminhos para sua manutenção. O Sol fustigava aquelas diminutas formigas, carros em roncos bravios. Minha camisa estava molhada. Recebo uma mensagem no celular “Teu filho reprovou e tua filha foi suspensa. Traga-me os papéis que devo assinar para divisão de bens. Papai quer a gravata dele de volta.” Toca o celular, “você está uma hora atrasado” tonitruou a voz de meu sogro através do aparelho” “estou engarrafado” “perdemos vinte mil numa patifaria, por um desleixo seu, estamos falidos!” .Desligou. Sai em meio aos carros e deixei o meu parado, aberto. Comprei um casco num bar próximo e voltei. A garrafa esvaziou-se em poços goles. Queria eu entrar e ficar naquela garrafa, pensei, engarrafado sim.

.Minha camisa ensopou. Pensei num jeito de reverter a situação. Mal! Era tarde. Súbito parei. Convulsivamente olhei em redor. Nada, nem carros. Homens. Vi o céu. Senti a presença dele e em mim estava o fogo que me ardia os olhos. Se eu pudesse abrir aquela via como o mar apenas com o toque de um graveto próximo, sem cajado, nem praga, nem povo. Graveto avulso naquele oceano de carros sujos e gente ensandecida! Não! Afogava-me naquela onda de fumaça preta. Quis correr, não pude. Estava desesperado. Parei atônito e olhei para aquela luz inclemente do sol das duas. Olhei, sem piscar. Os raios fustigavam-me os olhos como chibatas e ferro derretido, crestando minhas retinas. Senti meus olhos e chamas tal qual a dor das criancinhas de Esparta, deformadas, jogadas de um penhasco e as mães que choravam os corpinhos morféticos de seus filhos. Santos corriam as unhas nos próprios rostos um nu no deserto, boca suja de insetos, outro queimado pela própria igreja que o canonizou, e outro com uma mó no pescoço e uma fila de santos e anjos se flagelando e sendo flagelados. Senti o peso das guerras, das chagas e das novenas dos fiéis. Senti o horror daquele momento, do diabo que me puxava a perna. Queria eu olhar para os céus. Vi-os e em meio a eles Deus.

“.Abra uma igreja minha! Toque uma emissora de TV e uma rádio em meu nome”.

Sim, o que de fato fiz. Hoje conheço o promissor trabalho daqueles que levam as palavras do Senhor para todos os cantos. Minha empresa jamais falirá, sim. Está convidado, leitor, a uma sessão de descapetamento que mudará tudo em sua vida. Basta contribuir com pouco de seu mísero salário. Este voltará, pode ter certeza, em uma gleba no conjunto habitacional do reino de Deus.

sábado, 19 de junho de 2010

Todo amor é uma navalha

Todo amor é uma navalha

Fino fio feito folha de alumínio

Que corta, fere, faz sangrar

Mas não mata, só deixa morrer aos poucos

Como cachoeira caindo contra as pedras

Que aos poucos a névoa faz levantar

Aos poucos o arco-íris faz morrer


Coração ferido à golpes leves de navalha

Coração parido, cicatrizado, remodelado

Esperando o único golpe

O decisivo, o certeiro

Aquele que no peito abre um vão

Este que permite que outra navalha

Venha continuar a tortura

Que tantas outras me fizeram sofrer

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vão da Navalha

Vão da Navalha

Zé da Navalha, homem louco. Maria Mameluca, mulher resoluta. Zé babava por Maria, Maria não babava por ninguém. Um dia Zé da Navalha criou coragem e foi como um risco atrás de sua paixão. Maria Mameluca, com ímpeto de mulher macho apartou o babento. Então esperou mais o pobre Zé. Com uma navalha no bolso e uma rosa na lapela foi atrás de Maria Mameluca. Dessa vez com gritaria, a Mameluca expulsou o apaixonado, fez ele engolir a rosa e picotou-o na navalha, abrindo um vão em seu peito, extraiu o coração e comeu com gosto. Isso que era mulher!

Gangrena e ódio

Gangrena e ódio

E fora uma alegria que galgara desenho tão glamoroso. Era um copo vivo de vinho, todo intumescido, parecia um balão cheio de vida. Pulsou por alguns dias, adormeceu em seguida. Murchou, retraiu-se e confirmaram: era lindo e ardiloso. Nunca se havia visto coisa tal! E um dia, o médico informou com ar natural que a perna seria amputada. A linda gangrena gasosa, sua diferença e placitude, seria levada embora, roubada! O menino gritou e chutou, cheio de ódio, queria para si seu relicário, seu ópio. Mas o médico malvado malogrou o desenho que a natureza presenteara, pois no chute, estourara.

Perto de estranhos fluidos

Perto de estranhos fluidos

Dia. Acordei. Abri os olhos. Escorriam aqueles fluidos novamente. Não estranhei. Não me eram estranhos. Noite. Mais uma vez em que algemas me prendiam e perto, aquela longa e pérfida ameaça aproximava-se. Dia. Já não importava se atingiriam meu rosto. Não importava. Em nada. Noite. Acostumara-me com o estranho que trazia alimento. Acostumara-me com quase tudo. Dia. E de novo a porta abriu e de novo o líquido desceu e de novo fechei meus olhos. Noite. Quando acordei, do teto escorria ainda o fluido. O estranho trouxe alimento. Dia. E assim eu soube: trouxe a mim tudo que havia pedido.

Da mancha à morte

Preso. Talvez quem sabe porque mereça.
Vivo. Talvez quem sabe porque padeça.
Morrendo aos poucos.
Aos poucos perdendo o controle de si.
Tudo por aquela dor que lhe doía o corpo
não só de carne, mas de espírito;
não na vida , mas no viver.

Junto. Talvez quem sabe de quem o enlouqueça.
Ódio. Talvez quem sabe dessa mesma presença.
Sendo consumido aos poucos,
seja na pele rachada ou na outra etérea,
pela gangrena mortífera dos loucos:
A carnificina das células do semimorto,
A semimorte da pobre alma infeliz.

Ele, vivo preso junto ao ódio,
Esperando minguar-se
Naquela lepra consumidora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Branco

(Tema: Estranho, fluido, "verde" e perto)

Casa branca, alma branca, vida puramente branca.

Diziam ser algo apagado, mas para ela não. Aquele branco simbolizava toda sua vida pacata, puritana e simplesmente branca. A cor estática da casa era pra ela a cor de vida.

Era ela a dona de uma infinidade branca estampada em três cômodos e banheiro impecavelmente brancos.

Inimiga das cores que borrassem seu sagrado branco, seja do mais esperançoso verde ou do mais iluminado amarelo.

Mas sem que percebesse um fluido brotava dos vãos dos pisos e divisas da parede. Algo sem controle, anormal.

Até a casa branca macular-se em puro vermelho sangue.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Estranho Fluido Verde

O que seria aquele estranho fluido verde? Seria uma invasão alienígena? Seria mais uma estranha forma de vida, mais um animal que nunca ouvi falar? Seria vômito de alguém? Ou seria mais uma invenção do meu irmão Pedro? Algo repugnante, algo nojento dói só de olhar pra ele, esse fluido me traz sensações horríveis. Ouso tocar nele? Mas e se for um alienígena e ele comer meu cérebro? Improvável... O fluido não se mexe... Que consistência mais estranha! Lucas! Vê se para de brincar com a comida e coma de uma vez o mexido de repolho com baba de quiabo

domingo, 13 de junho de 2010

A chuva de alvejamento

Tema: Dengue e Alvejamento

E contam que um dia no futuro aconteceu algo estranho. Não souberam dizer exatamente como isso se iniciou, mas, a partir de um dado momento, as pessoas perceberam que a dengue havia se extinguido. Com o aumento da temperatura e as mudanças na regularidade das chuvas, até então essa doença era tida como calamidade pública. Poucos eram os que suportavam manter a vida após contraí-la, conforme suas variantes passaram várias vezes de forma a forma, atingindo níveis em que não havia sistema imunológico que seria capaz de suportar sem fraquejar, cair e padecer.


Então, com os eventos que vinham ocorrendo, seja lá o que provocara aquilo tudo era de se dar boas-vindas e deixar tomar parte da casa para si, e viver bem com os agraciados com tal presente.

E assim as pessoas prosperaram, conta esse conto do futuro. Casaram, tiveram filhos, deixaram o mundo voltar a tomar suas rédeas. Tudo ia bem. Porém, com o passar dos anos, notou-se que as chuvas cada vez caíam com um odor característico e gradualmente mais forte. Cheiro de cloro. De início ninguém se preocupou, ou os poucos que o fizeram, atitude alguma tomaram.

Feita a celebração da inação humana, congregada pela alegria do sofrimento, o problema foi mostrando sua verdadeira face, como sempre haverá de ser. E não tardou a se saber, a chuva contestadamente era feita de cloro.

Caía e aqueles que dela não eram capazes de fugir tinham as roupas manchadas, como que lavadas por um alvejante forte e mal utilizado. Daí deu-se de chamarem essas chuvas de alvejantes. Mas ainda não eram capazes de compreender o significado disso tudo.

Houve aqueles que dela tiraram proveito. Nunca se viu tamanha explosão de lavanderias e limpadores de calçada. O mundo pelo menos caminhava para uma nova roupagem, alva e bem higienizada. As pessoas então ficaram felizes, e viram que além de não mais se preocuparem com a dengue, agora tinham roupas sempre limpas.

Dessa forma, tudo prosseguiu placidamente. Mas houve o dia em que dessa chuva algo mudou. Talvez se percebeu que os odores se haviam intensificado, talvez foi mesmo pela coceira. Aos poucos, o cloro que caía afetava mais do que as roupas, e mesmo que o dano à pele fosse mínimo, algo mais ocorreria. As pessoas não se preocuparam, e deixaram que assim fosse. Que importava uma coceira vez por outra? Já haviam sobrevivido a coisas piores.

E conforme foi, essa nova chuva afetava mesmo as mentes dos que se banhavam incautamente. E delas removia memórias. De início eram poucas e esparsas, mas com o tempo iam lavando, da mesma forma que as calçadas, e deixavam indivíduo após indivíduo sem saber fatos elementares de suas vidas.

E assim foi que os empregos já não podiam mais ser atendidos regularmente, pois dado um chuvisco, esqueciam onde trabalhavam. As escolas já não mais podiam contar com a matéria em dia, nem mesmo os professores a lembravam. Pais esqueciam quem eram seus filhos e os filhos, como voltar para casa.

Como os vapores avançaram muito rapidamente, incubando essa falta de memória e fazendo com que tudo viesse ao limbo sorrateiramente, nem mesmo políticos e cientistas souberam se precaver. Os governos se desfizeram, por ninguém mais saber em qual país vivia ou contra qual deveria defender-se.

E assim foi que um dia as pessoas já não se lembravam mais que haviam perdido a memória e se conformaram. Tudo parecia caminhar bem, numa nova sociedade em que tudo era uma surpresa, inclusive saber o próprio nome. Caminhavam dia a dia para um mundo onde a língua não cabia mais para comunicação e as pessoas se utilizavam de gestos. Logo até os gestos foram esquecidos e elas passaram a viver sós, nas ruínas de um mundo ido.

Já não sabendo mais tratar da saúde, praticar uma boa alimentação ou sequer saber qual água era boa para se beber, pouco a pouco as pessoas foram se envenenando com o cloro. Um a um todos caíam mortos, intoxicados.

Seus corpos eram lavados pelo próprio cloro, assim como as calçadas e os vestígios de roupas. Tudo acabou limpo, e extremamente higiênico. E com certeza, sem mais dengue.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

SEMANA 9 Estranho, Fluido, Verde e Perto

O tema dessa semana foi, como diz o título, estranho, fluido, verde e perto bom na verdade o verde não era só que eu e o Jorge tínhamos nos esquecidos do tema perguntamos o tema e ele disse que era verde, o fizemos, só que ele viu posteriormente que no lugar de verde era perto e não nos avisou então acabou ficando os quatro temas mesmo.
O resultado desse tema foi muito bom, estamos fazendo um exercício novo e tentando escrever textos apenas com 100 palavras, não mais e não menos e pelos textos posso concluir que deu certo os quatro textos serão publicados posteriormente, o que é raro pois sempre tem alguém que não gosta do próprio texto... Fiquei feliz também por que o Carlos me disse que eu estava adquirindo um estilo próprio e para alguém cuja professora disse não ter salvação isso é algo muito bom.
O Carlos, como sempre, escreveu um texto bem pesado; O Adriel algo bem lírico e quase um poema apesar de estar escrito em prosa; eu e o Jorge fizemos algo mais puxado para a comédia
Bom... acho que é só... Boa leitura a todos

A morte em marte

A morte em Marte
Tema: Marte e Catatonia

A morte em Marte é melodramática, maldiziam meninos melindrosos nos morros e masmorras de sua morosa morada. Caminhavam calcando conchas de calcário, copos cor de creme e constrangidos, iam calvos caducos da cabeça e crentes sem Cristo. Criam no Catatônico, mestre meticuloso que ministrava suas missas omissas, marcadas ora por um marasmo castrado de mágica, ora por cantos maximizados de cólera.


Nos meandros de maio, meio cansado meio constipado, um menino de má conduta mostrou a mentira do Catatônico.

- Como queres marcar em mim mentiras malditas?

- Marco-as com certeza, sem medo!

- Coragem malfadada cai em crendice de maluco. Crê em mim, menino, crê na Catatonia!

- Mentira é a maleita citada, catatonia, coisa de mente crente em malandragem!

E calados os mordazes, moveu-se corpo e mente, na missa mais que mordida, do Catatônico malandro. Meses e meses se compunham e os meninos continuavam crentes na mentira. Contendas eram copiosas, mas medidas em melhores meios que mediassem o calor na missa da catatonia.


O Catatônico compunha melodias de maior malfeita. Movia mentes medradas caminho acima chegando em casas mínimas de meditação. Moldava cabeças e corações sem confiança, criando correntes acomodadas. Com os concorrentes construía máximas da mais corrupta conduta. Conduzia com maestria, mestre moderno e mundano de um mundo sem mãe.


E no mercado, melões e melancias, maçãs e mel. O menino molhava a mossa querendo comer. Chiava em sua mente, marcava em seu corpo a maldição catatônica. Em crua malvadeza, calculada medida de meticulosa correção concluiu: mataria o Catatônico, cova e cruz, merecidas.


Em um campo moldado pelo capim caminhava um dia o capataz das crenças. O céu mesclado de cores cinza e cobre condizia com o clímax. Acampado num canto o menino calculava seu curso. Correndo nos cascalhos caiu aos calcanhares de seu carismático mestre, seus membros quebrados, sua cara em cataclisma: calcara a morte, cuidara de medir que moradia lhe caberia.


A masmorra em que construiu sua combinação de circunstâncias era completa de cabeludos mamelucos e cablocos malucos, morrendo magros por comer conchas de calcário, calcadas por meninos catarrentos. Corria acima dos muros um conto que criminosos morriam cedo, conjeturando concisa matéria de suas capacidades malfeitoras.

E chorando, o menino clamava por clemência:

- Mais me cabe morrer por não condizer com montanhas de mentiras: quero a continuação com meu modo, minha crença. Malfeitor como menino merece clemência, morro minguado, como um macaco cheio de moléstia, um milho moído que não se come...

E chegado o momento, cantavam as crentes crianças:

- Molhada morte malhada, merecida morte ao menino. Crê em mentira, maldiz a certeza.

Na missa, Catatônico manifestava maravilha, cingia o machado, citava a cura que conspurcaria a maldade.

E concluindo a cerimônia, molhou o chão com o corrimento da carne.


As caras coradas das crianças mediam o medo, mas cuspiam coragem: a mão da catatonia mantinha seus corpos sem manchar, suas mentes sem corromper.


E a máxima desse caso crasso completa-se com o cabido mote, morte em Marte, melodrama crucificado.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Espiral

O ofício de escritor parecia-lhe interessante. Não costumava ler muito, mas admirava aqueles que o faziam. Conforme foi crescendo adquiriu uma vontade compulsiva por escrever. E o fez. Seu livro não trazia nenhuma ambição de best-seller ou de livro revolucionário, ou mesmo de obra-prima. Era apenas um livro, bem humilde, curto e simples.

Um susto ao ver seu livro vender, ser acolhido pela crítica e receber prêmios a todo instante. Em uma semana estava entre os dez melhores e em um mês já era o mais vendido do país. Em poucos anos foi traduzido em quase cinquenta idiomas e sua fama não parava.

O autor ficou famoso e era entrevistado pelo menos uma vez por mês. Seu livro foi adotado por escolas e tido como obra culta. Mais profundo que Machado de Assis, mais vendido que Paulo Coelho e mais trabalhado que Goethe.

Conforme os anos passavam o livro foi se estabilizando e sendo mais conhecido. Com isso surgiu uma praga. Não havia lugar que este livro não fosse visto. Na televisão, propaganda no jornal, crítica e na estante: lá estava ele.

No começo achavam estranho quem ainda não o tinha. Logo, pessoas assim já não eram mais encontradas. E qualquer comentário que rompesse com esse paradigma era rapidamente suprimido e tido como um atentado à cultura. Mas isso tomou um tamanho tal que ninguém mais pôde controlar e logo um sentimento oposto nasceu.

Aos poucos foi surgindo uma figura sinistra do livro. Ninguém mais queria vê-lo. Começaram a odiá-lo. Mas em silêncio, já que não queriam contrariar o resto do mundo, e dessa forma continuavam em uma ilusão de ódio calado.

Um dia veio notícia de que havia mais de sete bilhões de humanos no mundo e outra que dizia que haviam sido vendidos mais de oito bilhões de exemplares do maldito livro. Muitos possuíam dezenas e até centenas de livros de tão compulsivo que havia se tornado o ato da compra.

Depois de tanto sucesso o Autor não queria mais saber da vida. Achava que seu livro não era mais seu, mas algo externo e misterioso. Não conseguia mais escrever e foi se matar. Quando olhou pela janela viu uma multidão se aproximando e se aliviou, pensou que agora não teria mais que tirar a própria vida, outros já fariam isso por ele.

Assim que a multidão entrou em sua casa ele se entregou. Todos imaginavam que ele possuísse o maior acervo de seus livros. Mas não encontraram nenhum.

Então passaram a achar que ele seria um iluminado, que era o único livre daquela praga e o tiveram como um deus. Ele desistiu da morte. Foi à televisão e disse para todos se livrarem de seus livros. Em dez dias não havia praticamente nenhum exemplar inteiro. Sua fama voltou e as entrevistas surgiam aos montes.

Conforme o tempo passava ele foi recuperando a vontade insana de escrever. E escreveu sua biografia. A vida de uma das pessoas mais famosas do mundo. Ao ter o livro publicado, surpresa.
Em uma semana estava em primeiro lugar. Em duas era o mais vendido no mundo. Foi tido como grande personalidade e todos compraram seu livro. Em pouco mais de um ano a população estava menor que o número de exemplares vendidos. Aos poucos foi surgindo uma figura sinistra do livro...