Todo amor é uma navalha
Fino fio feito folha de alumínio
Que corta, fere, faz sangrar
Mas não mata, só deixa morrer aos poucos
Como cachoeira caindo contra as pedras
Que aos poucos a névoa faz levantar
Aos poucos o arco-íris faz morrer
Coração ferido à golpes leves de navalha
Coração parido, cicatrizado, remodelado
Esperando o único golpe
O decisivo, o certeiro
Aquele que no peito abre um vão
Este que permite que outra navalha
Venha continuar a tortura
Que tantas outras me fizeram sofrer
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