domingo, 18 de julho de 2010

Vão e navalha

Odeio, preciso, odeio incondicionalmente, é o que me mantém vivo, é o que me faz acordar todas as manhã, esse ódio, esse repúdio,esse nojo,Tinha vinte e três anos, era uma noite de sábado, estava muito frio, nevava muito, andava em um parque, só eu e minha irmã, conversávamos, ríamos, ela tinha casado e mudado para outra cidade, então tínhamos muitas conversas para por em dia, apesar de não nos vermos todos os dias mais ainda nos amávamos muito, incondicionalmente, é incrível como o carinho de uma irmã nunca nos sufoca, andávamos, ríamos até que...Um cara apareceu, eu o conhecia, minha irmã também, aliás melhor que eu, minha irmã fora noiva desse cara, ele parecia alterado, nada disse apenas atirou em minha irmã, perdi minha vida naquele dia, perdi a pessoa que mais amava, ainda vejo o vermelho de seu sangue manchando o branco da neve, meu ex-cunhado apenas fugiu, enquanto eu gritava, enquanto eu tentava salvá-la, não pude, falhei, não pude.Esse medo, essa solidão, essa saudade, esse vão em meu peito, tudo foi transformado em ódio, ódio pelo meu ex-cunhado, ódio pela pessoa que roubou minha alma, ódio por Lucas.Hoje, três anos depois descobri que Lucas foi solto. motivo? Alegou insanidade!Louco? Ele? Louco estou eu! E minha irmã? Ninguém mais se lembra dela? E Deus? Onde estava naquela noite? Onde está minha irmã?Sei onde ele mora, sei também que está arrependido, coitado. Arrependido vai estar hoje a noite quando eu chegar lá com minha navalha.

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